O mês de janeiro é o mês definido pelo Ministério da Saúde para a conscientização sobre a hanseníase. Simbolizada pela cor roxa, desde 2016, a campanha tem sido fundamental para o diagnóstico precoce e combate à doença no Brasil, principalmente no Amazonas.
De acordo com a Fundação Hospitalar Alfredo da Matta (Fuham), só no ano de 2021, foram detectados 340 casos novos de hanseníase no Amazonas. Desse total, 100 (29,4%) eram residentes de Manaus e 240 (70,6%) de outros 46 municípios.
Os municípios que apresentaram o maior número de casos foram: Manaus (100), Careiro (33), Itacoatiara (30), Lábrea (29), Tapauá (14), Humaitá (13), Coari (10), Boca do Acre (nove) e Parintins e Novo Aripuanã (com sete casos novos em cada).
Conforme a Fuam, atualmente 497 pessoas realizam tratamento para hanseníase em todo o estado, sendo 126 (25,3%) em Manaus e 371 (74,7%) no interior.
A importância do farmacêutico
Segundo o diretor-presidente da Fuham, Ronaldo Derzy Amazonas, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são ferramentas importantes para o controle da hanseníase. E, para isso, o farmacêutico é um dos profissionais de saúde essenciais no combate à doença.
"A participação do profissional farmacêutico é fundamental nas políticas de capacitação, treinamento, guarda e supervisão de medicamentos voltados para hanseníase e também ajudar no no processo de diagnóstico, prevenção e tratamento", explicou o diretor-presidente
Ronaldo Derzy acrescentou ainda que na Fundação há um setor responsável exclusivamente para este trabalho: o Departamento de Controle de Doenças e Epidemiologia. Neste setor, os profissionais de saúde - incluindo o farmacêutico - atuam no combate a diversas doenças tropicais no Amazonas, como a hanseníase
"Nessas estratégias de enfrentamento, há uma profissão importante sem demérito nenhum pros médicos, psicólogos, enfermeiros, técnico de enfermagem e de dermatologia, tudo mais. O farmacêutico também tem papel fundamental neste setor", acrescentou.
Projeto Apeli
Além disso, o diretor-presidente ressaltou que, desde 2019, as ações de combate vêm sendo intensificadas após a implantação do Projeto Apeli - Ação Para Eliminação da Hanseníase. O objetivo do projeto é reduzir a carga de hanseníase em municípios do interior do Amazonas.
"E para completar esse rol de boas práticas que a Fundação vem adotando; no ano de 2019 idealizei o Projeto Apeli - uma ação para eliminação da hanseníase no interior do Amazonas. O projeto nasceu após observamos que praticamente há duas décadas a hanseníase começou a ter um declínio por conta de diversos fatores como situações políticas, negligenciamento sanitário dos municípios, dentre outros", destacou.
De 2019 até então, dez municípios do interior do Amazonas já foram contemplados com o projeto. Ainda que a pandemia de Covid-19 tenha impedido a continuidade das ações da campanha. A expectativa, segundo Ronaldo Derzy, é que mais cinco municípios recebam a visita das equipes do projeto.
O diretor-presidente
Ronaldo Derzy Amazonas é farmacêutico-bioquímico e já possui mais de 40 anos de Fuham. Atualmente está completando seu quarto mandato na presidência da fundação.
"Iniciei na Fundação ainda como estagiário em 1980, nessa época o Alfredo da Matta era apenas um centro hospitalar. Quatro anos depois fui contratado e três anos depois passei no concurso público. Em seguida, na minha primeira gestão, em 1993, o centro foi transformado em instituto e quatro anos depois se tornou fundação, isso já em 1998", relembra.
"É uma trajetória na qual eu me orgulho muito. Sou o primeiro farmacêutico a presidir a Fuham. Em meio a muitos outros colegas profissionais de diversas áreas. A fundação é uma instituição multiprofissional da área da saúde, não é? Então tenho muito orgulho de assumir pela quarta vez este mandato", descreve Ronaldo.